A. Webern / D. Shostakovich / E. Burian: Quartetos de Cordas

A. Webern / D. Shostakovich / E. Burian: Quartetos de Cordas

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Muito a dizer. Passei vários dias ouvindo este CD. Foi difícil guardá-lo de volta na estante. Não sou um grande admirador da música de Webern, mas este Langsamer Satz für Streichquartett (Movimento lento para quarteto de cordas), certamente uma obra pré-dodecafonismo, é extraordinário.

O Quarteto Nº 8 de Shostakovich é uma das obras mais postadas no PQP. Também pudera! Escrito em cinco movimentos altamente contrastantes — um Largo de abertura tristíssimo, um Allegro molto que é uma dança furiosa, um Allegretto sarcástico, depois um Largo brutal que é finalizado por outro Largo que retorna ao primeiro movimento, quod erat demonstrandum — , sem nunca deixar o nível cair, este quarteto é uma obra ascendente na literatura para quartetos de cordas. Todo mundo o tem gravado, é incrível.

Também é incrível que Shosta o tenha escrito em apenas 3 dias, de 12 a 14 de julho de 1960. É dedicado “às vítimas da guerra e do fascismo”, mas também é uma espécie de Réquiem pessoal. Disse o compositor a respeito deste quarteto: “Acho que ninguém vai compor uma obra em minha memória, então escrevo-a eu mesmo… O tema principal deste quarteto são as notas D. Es. C. H. — em notação alemã –, que são minhas iniciais”.

O CD termina com Quarteto Nº 4 do checo Burian. Trata-se de muito boa música, mas este não é um disco de boa música, é um CD de arrasar. Mesmo assim, Burian não compromete. Ele acaba a coisa com dignidade.

Vale muito ouvir.

A. Webern / D. Shostakovich / E. Burian: Quartetos de Cordas

Webern: Langsamer Satz für Streichquartett (1905)
1. Langsamer Satz für Streichquartett

Dmitri Shostakovich: String Quartet No. 8
2. String Quartet No.8, Op.110: Largo
3. String Quartet No.8, Op.110: Allegro molto
4. String Quartet No.8, Op.110: Allegretto
5. String Quartet No.8, Op.110: Largo
6. String Quartet No.8, Op.110: Largo

Emil Frantisek Burian: String Quartet No. 4
7. String Quartet No.4, Op. 95: Volné a rázné
8. String Quartet No.4, Op. 95: Rychle s citem
9. String Quartet No.4, Op. 95: Rytmicky divoké tri
10. String Quartet No.4, Op. 95: Divoce s dramatickou silou

Rosamunde Quartett
Andreas Reiner violin
Simon Fordham violin
Helmut Nicolai viola
Anja Lechner cello

Recorded December 1996
ECM New Series 1629

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Dmitri Shostakovich
Dmitri Shostakovich

PQP

Giovanni Pierluigi Palestrina (1525?-1594): Missa Papae Marcelli / 8 Motets (Regensburger Domspatzen)

Missa Papae Marcelli ou Missa do Papa Marcelo é uma missa composta por Giovanni Pierluigi da Palestrina em homenagem ao Papa Marcelo II. É a missa mais conhecida e mais executada do compositor. Costuma ser ensinada em cursos de música. Foi tradicionalmente cantada em todas as missas de coroações papais até a coroação de Paulo VI, em 1963. A Missa Papae Marcelli consiste, como grande parte das missas renascentistas, de Kyrie eleison, Gloria in Excelsis Deo, Credo, Sanctus/Benedictus e Agnus Dei, embora preveja a inserção de passagens em cantochão. A composição da missa é livre, sem se basear em um cantus firmus nem parodiar outra peça. Talvez por causa disso, essa missa não tem a consistência temática típica das peças de Palestrina. É, a princípio, uma missa a seis vozes (há oito no Agnus Dei). Entretanto, o uso do conjunto completo fica reservado a porções específicas, sujeitas ao clima requerido pelo texto. Além disso, as combinações de vozes variam ao longo da peça. A textura é basicamente polifônica, em estilo declamatório, com pouca superposição de textos e uma clara preferência por acordes em bloco, de modo que o texto possa ser ouvido nitidamente, ao contrário do que acontece em diversas missas polifônicas do século XVI.

Giovanni Pierluigi Palestrina (1525?-1594): Missa Papae Marcelli / 8 Motets (Regensburger Domspatzen)

Missa Papae Marcelli
1 Kyrie 3:59
2 Gloria 5:48
3 Credo 8:59
4 Sanctus 3:43
5 Benedictus 2:55
6 Agnus Dei 2:32

8 Motets
7 Rorate Coeli (For 5 Voices) 3:36
8 Hodie Christus Natus Est (For 2 Four-Part Choirs) 2:28
9 Pueri Hebraeorum (For 4 Similar Voices) 2:01
10 Terra Tremuit (For 5 Voices) 2:21
11 Ascendit Deus (For 5 Voices) 2:09
12 Dum Complerentur / Dum Ergo Essent (For 6 Voices) 3:07
13 Dum Ergo Essent (For 6 Voices) 2:31
14 Ego Sum Panis Vivus (For 4 Voices) 3:06
15 Tu Es Petrus (For 6 Voices) 7:12
16 Laudate Dominum Omnes Gentes (For 2 Four-Part Choirs) 3:00

Regensburger Domspatzen
Georg Ratzinger

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Para quem gosta de uma palestrinha…

PQP

.: interlúdio :. Deodato: Prelude (1972) / Freddie Hubbard: Red Clay; Sky Dive (1970-1972) – com Billy Cobham – bateria, Ron Carter – baixo, etc

Três álbuns gravados no Van Gelder Studio em Nova Jersey, perto de Nova York. Até 1972 Cobham gravou dezenas de discos como músico contratado. Outros grandes músicos como Ron Carter, Hubert Laws e Airto Moreira estavam lá gravando naquele estúdio vários meses do ano naqueles tempos…

No disco de estreia de Eumir Deodato no mercado norte-americano, ele toca o piano elétrico Fender Rhodes e fez as orquestrações, com muitas flautas e cordas suaves, às vezes lembrando certos arranjos posteriores de uma bossa nova sem o frescor dos primeiros anos, já a cópia da cópia, mas esses últimos arranjos copiaram muito o próprio Deodato, então ele não é de todo culpado pela música morna que fizeram depois dele. O disco vendeu bastante para os padrões da música instrumental, principalmente graças ao arranjo (por Deodato) do Zarathustra de Richard Strauss…

Hubert Laws

Também há o curioso momento em que nosso ídolo Billy Cobham toca no improviso jazzístico sobre o Prelúdio ao entardecer de um fauno, de Debussy. Nesse improvável encontro de mundos diferentes, a versatilidade do baterista aparece: um minuto contido até certo ponto, mas a partir do segundo minuto entra um groove irresistível: nem o Claude Debussy (que era do tipo de ia de sombrinha e gravata borboleta pra praia) resiste. E antes e depois do groove, Hubert Laws inicia e fecha a faixa com solos de flauta muito bonitos.

Em outras faixas, os arranjos e Deodato ficam a um pequeno passo de se tornarem música de elevador, música de hall de entrada de hotel e trilha sonora de telenovela carioca, mas esse pequeno passo não é dado, talvez graças ao talento absurdo dos instrumentistas contratados. Os dois baixistas, Ron Carter e Stanley Clarke, estão entre os melhores do mundo até hoje.

Billy Cobham nasceu no Panamá e se mudou para os EUA. Assim como o guitarrista mexicano Carlos Santana (mas com a pele mais escura e um sobrenome menos hispânico), Cobham tem em seu estilo certas características daquilo que, de um ponto de vista redutor estadunidense, é tido como música latina, algo que engloba desde a bossa nova até o jazz cubano como o daqueles músicos que ficaram famosos com o filme Buena Vista Social Club. Eumir Deodato, criado no Catete, bairro central do Rio de Janeiro, em 1972 já vivia nos EUA, tocando e principalmente fazendo arranjos que também evocam um imaginário “latino” de verão, praia, mulheres de biquini, essas coisas.

Em Red Clay, disco de 1970 liderado pelo trompetista Freddie Hubbard, Billy Cobham não tocava no LP original, mas ele está presente na faixa bônus do CD, uma longa jam sobre o tema título do álbum, gravada ao vivo em 1971 com a presença de George Benson (guitarra) e do incansável Ron Carter (baixo). Vocês sabiam que Ron Carter é o baixista que participou do maior número de discos na história? São mais de 2.200 e ele ainda está em atividade, assim como seu amigo Billy Cobham. Só a discografia deles dois juntos já dá mais de 20 álbuns, alguns deles estarão por aqui na próximas semanas…

Em Sky Dive (1972), alguns dos músicos presentes nos dois discos anteriores se repetem: Cobham (bateria), Carter (baixo), Benson (guitarra), Laws (flauta), com a presença ainda de Keith Jarrett (pianos acústico e elétrico, um dos últimos discos em que ele tocou este segundo) e do brasileiro Airto Moreira (percussão), mas há também arranjos para uma banda de apoio maior, com três trombones, três clarinetes, etc. Os fãs de Jarrett devem conferir sobretudo o seu solo de piano acústico na faixa 6, onde ele se solta mais do que no elétrico. E eu gosto especialmente da faixa 4, The Godfather, arranjo inspirado na melodia de Nino Rota para o filme O Poderoso Chefão. Uma confissão: eu já não me lembrava que essa melodia, rearranjada por tanta gente, era do filme e do Nino Rota, pra mim era do cancioneiro popular, o que também aliás já se tornou, sendo inclusive presença obrigatória em um certo bloco de carnaval carioca que sai perto dos Arcos da Lapa.

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Freddie Hubbard (1938-2008)

#billycobham80
Pleyel

Josef Mysliveček (1737-1781): Concertos para Violino e Orquestra (Ishikawa, Pešek)

Josef Mysliveček (1737-1781): Concertos para Violino e Orquestra (Ishikawa, Pešek)

O tcheco Mysliveček estudou Filosofia em Praga, seguindo o caminho de seu pai. Amante de música, publicou um conjunto de seis sinfonias, em 1762, que obteve grande sucesso. Devido à repercussão, decidiu deixar os estudos de filosofia e concentrar-se na música. Com uma subvenção do Conde Vincent von Waldstein mudou-se para Veneza, para estudar com Giovanni Pescetti. Era conhecido como Il divino Boemo. Em 1770, encontrou-se com o jovem Wolfgang Amadeus Mozart, em Bolonha, onde Mysliveček era membro da Accademia Filarmônica. São evidentes as similitudes entre a música dos dois compositores. Faleceu em Roma em 1781, de sífilis. Aqui temos um bom disco. Mysliveček não magica (do verbo magicar) como Mozart, mas é muito digno.

Josef Mysliveček (1737-1781): Concertos para Violino e Orquestra (Ishikawa, Pešek)

Concerto In F Major For Violin And Orchestra
1 Allegro
2 Andante Cantabile
3 Allegro Vivace

Concerto In D Major For Violin And Orchestra
4 Allegro Assai
5 Larghetto
6 Allegro

Conductor – Libor Pešek
Orchestra – Dvořák Chamber Orchestra
Violin – Shizuka Ishikawa

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PQP

.: interlúdio :. D’Elboux / Beethoven / Bruckner / Borodin / Bach: Meus Dois Mundos (Tau Ceti)

.: interlúdio :. D’Elboux / Beethoven / Bruckner / Borodin / Bach: Meus Dois Mundos (Tau Ceti)

José Eduardo D’Elboux é um pequepiano. Volta e meia ele comenta algum post, está sempre por aí. Há poucos anos, ele me mandou este CD que eu ouvi e deixei de lado por estar passando uma fase meio anti-rock progressivo. Mas hoje o peguei gostei muito do que ouvi. Os clientes da Livraria Bamboletras (2 links) também. As pergutavam o que era aquilo e o José Eduardo ficaria feliz porque um deles perguntou se era o ELP. Achei ótimo e muito divertido. Ele é dividido em duas partes: a primeira composta por D’Elboux sozinho ou com parceiros e a segunda com arranjos de eruditos de outrem ou par D’Elboux.

Como disse, às vezes, D’Elboux soa muito como o grupo que mais admira, o Emerson, Lake & Palmer, mas sua voz natural me parece mais tranquila do que com a fúria habitual dos ingleses. Gostei muito dos arranjos de eruditos. Seu Coriolano e o início da Sinfonia Nº 4, Romântica, de Bruckner, ficaram excelentes, assim como a Toccata e Fuga em Ré Menor, BWV 565, de Bach.

D’Elboux fez sua vida como engenheiro. Foi uma opção consciente. “Especialmente no Brasil, onde o tipo de música que gosto é pouco divulgada, preferi ter uma carreira como profissional de engenharia (o que também gosto) e levar o lado musical como hobby – mas fazendo exatamente o que eu queria em Música, sem concessões, uma vez que não iria depender financeiramente disso. (…) Foi minha “cabeça-dura”, de insistir no que acredito, que fez, desde meu início em 1982 com as primeiras tentativas de bandas, até formar o Tau Ceti em 1988 (cuja semente já estava em minha banda anterior, o Antares, de 1985), e lançar o primeiro álbum em 1995… Depois de um longo tempo parado, retomando a Música ainda insisti e lancei mais um álbum em 2019, mais de 20 anos depois do primeiro. E, neste, já sem outros músicos que topassem a empreitada, fiz um álbum solo onde me responsabilizei por tudo, desde composições e tocar os teclados, como programar os demais instrumentos, arranjos, produção, etc.”.

Para quem chegou da Lua ontem, o rock progressivo (também abreviado por prog rock ou prog) é um gênero que se desenvolveu na Inglaterra e nos EUA em meados da década de 1960, atingindo o pico no início da década de 1970. O estilo foi uma consequência das bandas psicodélicas que abandonaram as tradições padrão em favor de instrumentação e técnicas de composição mais frequentemente associadas ao jazz ou à música clássica. Elementos adicionais contribuíram para o rótulo de “progressivo”: as letras eram mais poéticas, a tecnologia era aproveitada para novos sons, a música se aproximava da condição de “arte” e o estúdio, mais do que o palco, tornou-se o foco da atividade musical, que muitas vezes envolvia criar música para ouvir em vez de dançar.

.: interlúdio :. D’Elboux / Beethoven / Bruckner / Borodin / Bach: Meus Dois Mundos

Parte 1 — Mundo Prog
1. Prelúdio para Sintetizador (D’Elboux) 1:23
2. D’Elboux is on the Table (D’Elboux) 3:17
3. Boto (D’Elboux / Iantorno) 2:21
4. Tempestades Noturnas (D’Elboux / Cesarino) 2:52
5. Reflexões Ectoplasmáticas (D’Elboux) 4:55
6. Prelúdio-Improviso para Piano (D’Elboux) 5:16

Parte 2 — Mundo Clássico
7. Coriolano (Beethoven / arr. D’Elboux) 5:07
8. Prelúdio para Orquestra (D’Elboux) 1:17
9. Romântica (Bruckner / arr. D’Elboux) 5:12
10. Prelúdio para Órgão (D’Elboux) 1:41
11. Épica (Borodin / arr. D’Elboux) 1:58
12. Antares (D’Elboux) 4:49
13. Toccata (Bach / arr. D’Elboux) 3:36

José Eduardo D’Elboux: teclados e programação

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PQP

Richard Strauss: Metamorphosen / Schoenberg: Verklärte Nacht (William Boughton, English String Orchestra)

Richard Strauss: Metamorphosen / Schoenberg: Verklärte Nacht (William Boughton, English String Orchestra)

Um excelente repertório. Metamorphosen e Noite Transfigurada são duas esplêndidas peças para orquestra de cordas do século XX. São duas obras que fecham o romantismo, ambas em um movimento e com duração muito semelhante.

O título de Metamorphosen era In Memorian, pois Strauss estava lamentando os soldados alemães mortos na Segunda Guerra Mundial e especialmente os bombardeios sobre Munique. Um amigo mais inteligente e politizado MANDOU-O mudar de ideia. Mas a música é maravilhosa, algo raríssimo em Strauss. Inédito até! O próprio Strauss nunca comentou o significado de Metamorphosen. O título não parece referir-se ao tratamento musical dos temas, “já que dentro da própria peça os temas nunca sofrem metamorfose… mas sim um contínuo desenvolvimento”. É amplamente aceito que Strauss escreveu a obra como uma declaração de luto pela destruição da Alemanha durante a guerra, em particular como uma elegia ao bombardeio devastador de Munique, repito.

Noite Transfigurada é uma obra programática. Foi escrita em 1899, originalmente para sexteto de cordas, ou seja, era um conjunto de câmara para um poema sinfônico e esta é a primeira singularidade da obra. Está escrito sobre um poema de Richard Dehmel, um artista socialista do círculo de Gustav Mahler e fervoroso admirador de Nietzsche. A obra tem cinco pequenas partes nas quais se alternam diferentes descrições da natureza, funcionando como metáfora dos estados dos protagonistas. Além disso, aparecem dois monólogos: o primeiro é uma confissão da mulher ao homem com quem caminha: os dois estão apaixonados, mas ela está grávida de um amor anterior e isso a enche de culpa. O segundo monólogo, a resposta do homem, o que desvirtua o assunto, porque, a seu ver, o fato de serem amantes os torna um só, então o filho pertence a ambos. A transfiguração da natureza e do céu como sinal do seu amor e do seu fluxo natural é o pano de fundo que entrelaça todo o poema. Bonito, né?

Richard Strauss: Metamorphosen / Schoenberg: Verklärte Nacht (William Boughton, English String Orchestra)

1 Richard Strauss – Metamorphosen 26:00
2 Arnold Schoenberg – Verklärte Nacht Op. 4 26:49

Conductor – William Boughton
Orchestra – English String Orchestra
Violin – Michael Bochmann

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O careca Schoenberg foi um famoso tenista da Segunda Escola de Viena

PQP

.: interlúdio :. Thomas Oliemans: Formidable! (Canções Francesas) ֍

.: interlúdio :. Thomas Oliemans: Formidable! (Canções Francesas) ֍

Formidável!

A transição de artistas do mundo erudito para o universo popular pode ser embaraçosa, quase ridícula ou mesmo desastrosa, mas pode ser… formidável!

Thomas Oliemans é cantor e pianista em ópera, Lieder, chansons e qualquer outra coisa com grandes palavras e ou notas, segundo ele mesmo. Já fez a Viagem de Inverno e viveu as agruras conflituosas do Amor do Poeta com o Paolo Giacometti o acompanhando ao piano. Ao lado do pianista Malcolm Martineau já cantou as canções de Fauré e Poulenc. Nos palcos de Óperas já caçou pássaros e andou às voltas com um esperto barbeiro e mais outras coisas nas obras de Mozart, viveu frias noites com a boemia parisiense e tantas aventuras pelas quais um cantor pode viver…

Aqui ele canta chansons acompanhado da ótima Amsterdam Sinfonietta. Como surgiu a ideia de um disco como este? Aqui as explicações dadas pelos próprios perpetradores:

Tenho chansons na minha cabeça desde que me lembro: no som arranhado do rádio de um carro ou de um toca-fitas, ouvindo do banco de trás durante horas a fio a caminho da Vendée ou Dordogne, ou suavemente vindo de um disco de gramofone do studio do meu pai logo abaixo do meu quarto, provavelmente uma compilação como Vive La France ou Jean Ferrat canta Aragão.

Quando comecei a aprender a tocar piano, adquiri o hábito de cantar junto e era obviamente chansons que eu pegava de ouvido e cantava. Julien Clerc com seu frangleis de This Melody, e Brel com seu La chanson des vieux amants. Os professores de francês da minha escola secundária me inscreveram no Concours de la Chanson, que eu prontamente (e quase por acidente) ganhei.

E assim o caminho se abriu para que eu me tornasse um cantor ou pianista profissional, ou pelo menos um músico. Isso me levou principalmente ao mundo do canto clássico, na ópera, Lied e no oratório, no qual senti que havia muito a descobrir para meu desenvolvimento posterior.

Mas a chanson nunca esteve distante. De fato, em quase todas as fases do meu desenvolvimento musical ela parecia crescer comigo. (…)

– Thomas Oliemans, voz e piano

A curiosidade artística corre nas veias da Amsterdam Sinfonietta e resultou em inúmeros projetos extraordinários. Sob o título de sucesso Breder Dan Klassiek [Além do Clássico], por exemplo, Amsterdam Sinfonietta apresenta música clássica em combinação com pop, clássico indiano, rap ou jazz, e já apareceu com artistas como Rufus Wainwright, Patrick Watson, De Dijk, Wende e Typhoon. Essencial para isso é a troca de ideias e um interesse genuíno pelos repertórios e mundos uns dos outros.

Amsterdam Sinfonietta tem uma forte ligação com o barítono Thomas Oliemans. Nos últimos anos ele tem cantado repertório clássico com a orquestra. E foi então que em uma noite ele cantou ao piano Que reste-t-il de nos amours, de Charles Trenet. Nasceu uma ideia: um projeto conjunto focado na canção francesa.

– Stephan Heber, artistic programmer – Amsterdam Sinfonietta

O texto original em inglês pode ser lido aqui.

PROGRAMME

César Franck

  1. Variations symphoniques, FWV 46 (Extract) 1:45

Hubert Giraud

  1. Sous le ciel de Paris 3:23

Charles Trenet

  1. Boum! 2:09
  2. La mer 3:48

Charles Aznavour

  1. For me Formidable & Formidable 5:14

Claude Debussy

  1. String Quartet in G Minor, Op. 10: III. Andantino 7:24

Michel Legrand

  1. Les Parapluies de Cherbourg: Je ne pourrai jamais vivre sans toi 5:22
  2. The Thomas Crown Affair: Les moulins de mon coeur 4:12

Barbara

  1. L’Île aux mimosas 4:23
  2. Dis, quand reviendras-tu? 4:06

Gilbert Becaud

  1. Et maintenant 5:05

Jacques Brel

  1. Mathilde 2:33
  2. Mon enfance 5:15

Gabriel Fauré

  1. Pelléas et Mélisande, Op. 80: I. Prélude 5:01

Jacques Brel

  1. Les prénoms de Paris 3:22

Joseph Kosma

  1. Les feuilles mortes 5:20

Thomas Oliemans

Amsterdam Sinfonietta

Candida Thompson

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 279 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 160 MB

As gotas d’água que me fizeram ouvir o disco foram as canções Dis, quand reviendras-tu?, que eu adoro e você poderá ver aqui e aqui, com a cantora que a compôs, Barbara, e La mer, do Charles Trenet e que pode ser ouvida com outro grande transgressor de profissões, no caso o ator Kevin Klein, do filme French Kiss.

Veja aqui

e aqui.

Espero que seja divertido para você como foi para mim e que você também conclua que o disco é..

Formidável!

René Denon

Thomas reagiu assim quando soube que o fotografo era um paparazzo a serviço do PQP Bach

.: interlúdio :. Stanley Turrentine: Ain’t no way (1969) e Cherry (1972) (com Milt Jackson, Billy Cobham, McCoy Tyner, Bob James, Ron Carter, etc)

Dois discos liderados pelo saxofonista Stanley Turrentine, considerado um dos principais nomes do soul jazz, estilo que se mistura com vários outros mas, no geral, tem semelhanças com a soul music cantada de Aretha Franklin, Ray Charles e dos artistas da Motown e tem melodias mais simples e cantáveis do que as do jazz de vanguarda. No fundo, essas classificações ficam muito longe de explicar tudo que acontece na música, e tanto é assim que esses dois discos são bem diferentes.

No primeiro, gravado em 1968-69, Turrentine é acompanhado por uma banda menor: tirando uma faixa em que a organista Shirley Scott brilha no hammond, o resto do disco é formado por um quarteto formado pelas sonoridades marcantes de McCoy Tyner (piano), Billy Cobham (bateria) e o mais discreto Gene Taylor (baixo).

O mais impressionante é ouvir McCoy Tyner e Billy Cobham tocarem bossa nova em Wave. Não creio que o solo de sax de Turrentine seja o melhor já feito sobre a melodia de Jobim: enfatizando sonoridades alegres e um tanto comuns – se comparadas com os sons bizarros de Coltrane ou Pharoah Sanders -, Turrentine trilha os caminhos já percorridos por Stan Getz nos álbuns premiados deste último.

A comparação com Billy Hart, baterista do quarteto de Stan Getz quando tocaram Wave ao vivo em 1975 (aqui) mostra a diferença entre um músico competente capaz de fazer uma bossa nova agradável e um gênio do instrumento que, mesmo se adaptando e dançando conforme a música, mantém uma personalidade única.

Já no disco Cherry, de 1972, a banda é um sexteto muito bem gravado no Van Gelder Studio, New Jersey, onde também foram feitos quase todos os álbuns de John Coltrane. Ouça em um bom aparelho stereo ou com bons fones de ouvido e você perceberá a cuidadosa – e até um pouco artificial em comparação com discos ao vivo – divisão dos seis músicos em duas duplas que ocupam o espaço sonoro assim:

A) Stanley Turrentine (sax) e Milt Jackson (vibrafone) à frente, se revezando nos solos
B) Bob James (piano elétrico) e Cornell Dupree (guitarra elétrica) ao fundo, mas com longas linhas melódicas agudas que ocupam os espaços deixados pelos solistas
C) Ron Carter (baixo), Billy Cobham (bateria) também ao fundo, mas em um plano grave no qual os dois dialogam, meio separados do plano agudo em (B).

Nos primeiros minutos de Cherry, quase parei de ouvir: um jazz sofiscitado, chique mesmo, com piano elétrico e uma guitarra elétrica (sem distorção, suave como o violão de João Gilberto) acompanhando os dois solistas principais. O saxofone de Turrentin, vai sempre mais ou menos direto ao ponto, enquanto o vibrafone de Milt Jackson dá voltas harmônicas sutis por meio de notas alteradas. Enfim, tudo isso a princípio me pareceu de mau gosto, mas com o passar dos minutos fui gostando mais, seja porque o ouvido se acostumou, seja porque o diálogo entre o baixo de Ron Carter e a bateria de Billy Cobham, lá no fundo, é sempre original. Carter já gravou mais de dois mil discos com os músicos mais diversos, mas quase nunca dá a impressão de ligar o piloto automático, está sempre ali presente com sua sonoridade elegante que se encaixa bem aqui, além de dialogar com muita fluência com Cobham, seu companheiro de longa data.

O fato é que, embora o saxofonista Stanley Turrantine tenha se notabilizado por solos mais ou menos sensuais e nunca angulares ou incômodos, este é um disco de um jazz cheio de complexidade, distante das supostas raízes do jazz como música dançante. E distante também ao utilizar o vibrafone e o Fender Rhodes, teclado onipresente naquela época. Mas, se prosseguirmos comparando esse disco com a bossa nova, devemos lembrar que, no Rio de Janeiro, o piano acústico era uma das grandes diferenças entre o “balanço zona sul” de Tom jobim e os batuques das escolas de samba, feitos por gente que não podia comprar um piano. Abordemos o tema por comparações: Milt Jackson está mais próximo de um Cartola ou de um Noel Rosa do que de um Jamelão da Mangueira, mais pra João Donato do que pra Elza Soares e Wilson das Neves. Há quem diga que o jazz com piano elétrico não é jazz “de verdade”, mas o jazz é muita coisa, como o samba é muita coisa, não é? Mesmo o piano acústico – abrilhantado pelos dedos de gênios como Oscar Peterson, Thelonious Monk e McCoy Tyner – é um instrumento que, em algum momento remoto, soou estrangeiro aos batuques dos negros norte-americanos, mas disso ninguém fala.

Esse tipo de soul jazz com sofisticados arranjos de vários instrumentos teve uma certa era de ouro no início dos anos 1970, utilizando instrumentos elétricos mas sem a intensidade roqueira do fusion. Boa parte desses discos foram lançados pela gravadora CTI: além de Turrentine, também Tom Jobim (Wave, de 1967, Stone Flower, de 1970), Freddie Hubbard, Eumir Deodato e outros. A capa de Cherry é uma foto de Pete Turner, pioneiro da fotografia artística colorida, e que também é responsável pelas capas dos dois discos de Tom Jobim mencionados acima.

Stanley Turrentine: Ain’t no way
Stan’s Shuffle 6:57
Watch What Happens 5:30
Intermission Walk 6:39
Wave 8:14
Ain’t No Way 11:02
Stanley Turrentine – tenor saxophone / McCoy Tyner – piano / Gene Taylor – bass / Billy Cobham – drums (tracks 1-4)
Stanley Turrentine – tenor saxophone / Shirley Scott – organ / Jimmy Ponder – guitar / Bob Cranshaw – bass / Ray Lucas – drums (track 5)

Stanley Turrentine with Milt Jackson: Cherry
Speedball (Lee Morgan) – 6:39
I Remember You (Johnny Mercer, Victor Schertzinger) – 5:10
The Revs (Milt Jackson) – 7:46
Sister Sanctified (Weldon Irvine) – 6:04
Cherry (Ray Gilbert, Don Redman) – 5:10
Introspective (Irvine) – 7:00

Stanley Turrentine – tenor saxophone / Milt Jackson – vibraphone
Bob James – piano, electric piano / Cornell Dupree – guitar
Ron Carter – bass / Billy Cobham – drums

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Ain’t no way – mp3

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Ain’t no way – flac

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Cherry – mp3

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Cherry – flac

Stanley Turrentine em 1972

#billycobham80
Pleyel

BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824 – 1896): Sinfonia No. 8 em dó menor [Versão 1890 – Edição R. Haas] – Wiener Philharmoniker – Herbert von Karajan ֍

BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824 – 1896): Sinfonia No. 8 em dó menor [Versão 1890 – Edição R. Haas] – Wiener Philharmoniker – Herbert von Karajan ֍

BRUCKNER

Sinfonia No. 8

Wiener Philharmoniker

Herbert von Karajan

 

Os tempos nas partituras originais [Ed. Haas] de Bruckner são bem mais simples do que parecem em algumas edições posteriores [Ed. Nowak]. Bruckner frequentemente quer uma pequena modificação no tempo e escreve ‘lagsamer’ (mais devagar). No entanto, alguns regentes diminuem o tempo por cerca de trinta por cento! Não, é bem mais sutil do que isso – como uma valsa vienense.  Ninguém jamais editou uma valsa vienense (marcar na partitura), todas as inflexões de tempo ficariam horríveis no papel’. HvK

Darth von Vader

Karajan passou para a história como o maior regente que já houve, pelo menos como figura midiática de referência na música clássica, a despeito de nomes como Toscanini e Furtwängler. Certamente o período histórico pelo qual sua figura esteve presente nas diversas mídias contribuíram para formar essa imagem. Um misto de herói e vilão, que em geral polariza as pessoas – os que o adoram e os que o detestam – um tipo Darth Vader da batuta.

Eu tenho pouco interesse pelas inúmeras gravações que ele fez, especialmente na última década à frente da igualmente mítica Berliner Philharmoniker, de repertório tão amplo quanto o espectro dos antibióticos de última geração. No entanto, sua habilidade para lidar com o tempo, sua capacidade de concentração, o tornavam ótimo intérprete de um repertório que incluía obras de Bruckner, Sibelius e Richard Strauss, para citar alguns. Sem contar a admiração que tinha por algumas dessas obras, como a Sétima e a Oitava Sinfonias de Bruckner. A Sinfonia No. 8 teve papel fundamental em sua carreira.

Em 1944, quando ainda era chamado de Heribert, ele convenceu a direção da Rádio Alemã a fazer uma gravação de estúdio da Oitava de Bruckner, o que ocorreu entre junho e setembro de 1944. Apesar do primeiro movimento ter se perdido, essa gravação sobrevive, incluindo a gravação em estéreo experimental do último movimento.

Com a morte de Furtwängler em 1954, Karajan foi eleito regente da Berliner Philharmoniker, que ainda estava sendo reconstruída. As gravações com a orquestra recomeçaram em 1957 e, após vários concertos, eles finalmente gravaram a sinfonia em maio de 1957, com a produção de Walter Legge. Essa gravação foi lançada na versão mono, uma das teimosias de Walter Legge, e só alguns anos depois a versão estéreo foi disponibilizada, sob demanda. [Aguarde postagem em futuro próximo.]

HvK e a Wiener Philharmoniker

Mas, como tudo, até contrato vitalício chega ao fim, tem que acabar, e a relação entre o Herr Direktor e a orquestra se deteriorou ao ponto de rompimento. E como o monge perde a túnica, mas não o hábito, Herbert seguiu regendo as Sinfonias de Bruckner, agora com a Wiener Philharmoniker. Essa gravação ocorreu em 1988, pouco tempo antes da morte do maestro. Eu gosto dessa gravação pois acho que nesse momento de despedida dessa obra que lhe era tão cara nos legou um registro de altíssimo nível, marcando o fim de uma era. A melhor orquestra austríaca regida por um de seus mais notórios maestros com a música que ele adorava. Vale a pena conferir…

Anton Bruckner (1824 – 1896)

Sinfonia No. 8 em dó menor

[Versão 1890 – Edição: Robert Haas]

  1. Allegro moderato
  2. Scherzo: Allegro moderato
  3. Adagio: Feierlich langsam; doch nicht schleppend
  4. Finale: Feierlich, nicht schnell

Wiener Philharmoniker

Herbert von Karajan

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MP3 | 189 MB

Gravado em: 14 – 11 – 1988

Local da gravação: Grosser Saal, Musikverein, Wien

Penguin Guide: Rosette

Recorded the year before he died, this might stand as a spiritual testament to Karajan’s relationship with this work. — James Jolly, Gramophone Magazine

 Gramophone Magazine: 100 Greatest Recordings

Aproveite!

René Denon

Heribert Karajan

Richard Strauss (1864-1949): “Assim falou Zaratustra” & Sinfonia Doméstica (Maazel / Filarmônica de Viena)

Richard Strauss (1864-1949): “Assim falou Zaratustra” & Sinfonia Doméstica (Maazel / Filarmônica de Viena)

Minha opinião sobre Richard Strauss é a que segue: ele pegou tudo o que é ruim de Mahler, Wagner e Wolf, e fundiu em algo diferente e pior. Sua música tem um ar constipado. Mas esse disco é sempre elogiado. Maazel e R. Strauss têm tudo a ver. Esse disco é genial! Bah, só que eu não o suporto! Os primeiros minutos de “Assim falou…” são ótimos. E só. Depois, há uns solinhos difíceis de violino que são quase mais ou menos, mas o resto é de rigorosa chatice. O cara é prolixo, pura conversa fiada sem direção. Strauss só acertou em suas Metamorphosen e nas últimas canções, o resto é pra matar o vivente de tédio. Este CD é a cura da insônia. Se o clonazepam não funciona mais, experimente Richard Strauss. E olha que eu amo o romantismo tardio.

Richard Strauss (1864-1949): “Assim falou Zaratustra” & Sinfonia Doméstica (Maazel / Filarmônica de Viena)

Also Sprach Zarathustra Op. 30 – Tondichtung Für Großes Orchester (Frei Nach Friedrich Nietsche) (33:54)
A.1 Sehr Breit —
A.2 Von Den Hinterweltlern. Weniger Breit —
A.3 Von Der Großen Sehnsucht. Bewegter —
A.4 Von Den Freunden Und Leidenschaften. Bewegt —
A.5 Das Grablied. Etwas Ruhiger, Ausdrucksvoll —
A.6 Von Der Wissenschaft. Sehr Langsam —
A.7 Der Genesende. Energisch —
A.8 Das Tanzlied —
A.9 Nachtwandlerlied

Sinfonia Domestica Op. 53 = Symphonia Domestica = Symphonie Domestique
A1 Thema I. Bewegt · Thema II. Sehr Lebhaft · Thema III. Ruhig 5:13
A2 Scherzo. Munter 6:33
A3 Wiegenlied. Mäßig Langsam 6:06
A4 Adagio. Langsam 12:17
B1 Finale. Sehr Lebhaft 14:28

Conductor – Lorin Maazel
Orchestra – Wiener Philharmoniker

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Richard Strauss sendo marido e pai: o mesmo interesse e animação da Sinfonia Doméstica

PQP

P. I. Tchaikovsky (1840-1893): Sinfonias Nº 4 e 2 (Pequena Rússia) (Abbado / New Philharmonia Orchestra, Wiener Philharmoniker)

P. I. Tchaikovsky (1840-1893): Sinfonias Nº 4 e 2 (Pequena Rússia) (Abbado / New Philharmonia Orchestra, Wiener Philharmoniker)

PQP Bach não roubaria ou mataria por Tchaikovsky — mas o faria por outros, evidentemente. A Sinfonia Little Russian — local mais conhecido pelo nome de UCRÂNIA — é uma gravação de 1968, lá no início da carreira musical de Abbado, embora ele já tivesse 35 anos. Ele faz uma bela leitura da Sinfonia. A Quarta data de 1976 e a gravação, como a primeira, também é cheia de energia e vibração. O primeiro movimento é rápido e quase não carrega nenhum peso trágico – é mais parecido com Liszt em sua exuberância histriônica. Ao ouvir esta Quarta, fica claro que Abbado não é pessimista nem excessivamente preocupado com tragédias… Abbado e as duas orquestras brilham durante todo o programa. Não sou um grande ouvinte de Tchai, mas penso que o regente Abbado mostra uma excelente compreensão de como a música de Tchaikovsky deve ser tocada, especialmente nestas duas sinfonias com alguns temas folclóricos russas. Ao menos, a barulhada é espetacular!

P. I. Tchaikovsky (1840-1893): Sinfonias Nº 4 e 2 (Pequena Rússia) (Abbado / New Philharmonia Orchestra, Wiener Philharmoniker)

Symphonie Nr. 4 F-moll Op.36 – Symphony No. 4 In F Minor, Op. 36 – Symphonie No 4 En Fa Mineur, Op. 36
1 Andante Sostenuto – Moderato Con Anima – Moderato Assai, Quasi Andante – Allegro Vivo 18:12
2 Andantino In Modo Di Canzone 9:03
3 Scherzo. Pizzicato Ostinato – Allegro 5:40
4 Finale. Allegro Con Fuoco 8:33

Symphonie Nr. 2 C-Moll Op. 17 “Kelinrussiche” – Symphony No. 2 In C Minor, Op. 17 “Little Russian” – Symphonie No 2 En Ut Mineur “Petite-Russie”
5 Andante Sostenuto – Allegro Vivo 10:35
6 Andantino Marziale, Quasi Moderato 7:08
7 Scherzo: Allegro Molto Vivace – Trio. L’Istesso Tempo 5:13
8 Moderato Assai – Allegro Vivo – Presto 10:32

Conductor – Claudio Abbado
Orchestra – New Philharmonia Orchestra (tracks: 5 to 8), Wiener Philharmoniker (tracks: 1 to 4)

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Kiev — que parem a matança.

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): 33 Variações sobre uma Valsa de Diabelli, Op. 120 (Maurizio Pollini)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): 33 Variações sobre uma Valsa de Diabelli, Op. 120 (Maurizio Pollini)

Diabelli teve sorte e foi imortalizado mesmo sem nunca ter escrito grande coisa. As 33 Variações sobre uma Valsa de Anton Diabelli, Op. 120, comumente conhecidas como Variações Diabelli, é um conjunto de variações para piano escritas entre 1819 e 1823 por Beethoven sobre uma valsa composta por — adivinhem? — Anton Diabelli. É frequentemente considerado um dos maiores conjuntos de variações para teclado junto com as Variações Goldberg de Bach. Recentemente, Vassily postou uma gravação da mesma obra que parece ser imbatível — é esta aqui. Pollini mantém sua categoria habitual e sua versão não é nada secundária, mesmo que perca para Uchida. Aqui, cada detalhe tem a marca de Pollini: a afirmação assertiva, quase brusca, do tema, o tremendo ataque a tudo o que exige brilho técnico, a altivez aristocrática com que trata as variações mais introspectivas, a ótima intepretação nos momentos de humor, como a citação da ária de Leporello de Don Giovanni de Mozart na variação 22. Todos são claramente o produto do comando soberano do teclado. Mas ficaremos com Uchida desta vez.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): 33 Variações sobre uma Valsa de Diabelli, Op. 120 (Maurizio Pollini)

1 Tema. Vivace 0:50
2 Var. 1. Alla Marcia Maestoso 1:40
3 Var. 2. Poco Allegro 0:51
4 Var. 3. L’Istesso Tempo 1:12
5 Var. 4. Un Poco Più Vivace 0:59
6 Var. 5. Allegro Vivace 0:50
7 Var. 6. Allegro Ma Non Troppo E Serioso 1:32
8 Var. 7. Un Poco Più Allegro 1:15
9 Var. 8. Poco Vivace 1:24
10 Var. 9. Allegro Pesante E Risoluto 1:59
11 Var. 10. Presto 0:36
12 Var. 11. Allegretto 1:03
13 Var. 12. Un Poco Più Moto 0:50
14 Var. 13. Vivace 0:55
15 Var. 14. Grave E Maestoso 3:26
16 Var. 15. Presto Scherzando 0:36
17 Var. 16. Allegro 0:57
18 Var. 17 0:58
19 Var. 18. Poco Moderato 1:24
20 Var. 19. Presto 0:50
21 Var. 20. Andante 2:06
22 Var. 21. Allegro Con Brio – Meno Allegro 1:09
23 Var. 22. Allegro Molto (Alla “Notte E Giorno Faticar” Di Mozart) 0:50
24 Var. 23. Allegro Assai 0:55
25 Var. 24. Fughetta. Andante 2:48
26 Var. 25. Allegro 0:47
27 Var. 26 0:58
28 Var. 27. Vivace 0:54
29 Var. 28. Allegro 0:59
30 Var. 29. Adagio Ma Non Troppo 1:08
31 Var. 30. Andante, Sempre Cantabile 1:46
32 Var. 31. Largo, Molto Espressivo 4:49
33 Var. 32. Fuga. Allegro 2:54
34 Var. 33. Tempo Di Menuetto, Moderato (Ma Non Tirarsi Dietro) 3:58

Maurizio Pollini, piano

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Diabelli: o homem que entrou de gaiato na imortalidade.

PQP

Purcell, Kauffmann, Tag, Krebs, B. Hummel: Música para Trompete e Órgão (Erb, Weinberger)

Purcell, Kauffmann, Tag, Krebs, B. Hummel: Música para Trompete e Órgão (Erb, Weinberger)
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O disco é tão obscuro que não existe na Amazon.

Sempre fui seduzido pela sonoridade das obras para trompete e órgão. No passado, era mais comum aparecerem discos desta clássica formação. Hoje, o órgão e suas formações parecem ter saído de moda, não obstante muitos autores barrocos terem escrito obras para esta dupla do barulho. Excetuando-se Purcell, este CD traz obras obscuras de compositores antigos e de um moderno mandando bala e fazendo barulho com os dois potentes instrumentos. O disco tem momentos interessantíssimos e não faço a mínima ideia de como foi parar no meu HD. Há obras muito bonitas de Handel, Corelli e Telemann para esta formação hoje bem rara, mas só as tenho em vinil. Além da de Purcell, a obra de Hummel é ESPLÊNDIDA.

Purcell, Kauffmann, Tag, Krebs, B. Hummel: Música para Trompete e Órgão

Henry Purcell (1659-1695)
Sonata in D-Dur
1. 1. Pomposo
2. 2. Andante maestoso
3. 3. Allegro ma non troppo

Georg Friedrich Kauffmann (1679-1795)
4. Gelobet seist du, Jesu Christ
5. Wie schön leuchter der Morgenstern
6. Ach Gott, vom Hummel sieh darein

Christian Gotthilf Tag (1713-1780)
7. Befiehl du deine Wege

Johann Ludwig Krebs (1713-1780)
8. Wachet auf, ruft uns die Stimme

Bertold Hummel (1925-2002)
Invocationes in C op.68
9. 1. De profundis
10. 2. In te domine speravi
11. 3. Non confundar in aeternum

Helmut Erb, trompete
Gerhard Weinberger, orgel

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Fica bonito, gente.
É um barulhão dos diabos, mas fica bonito.

PQP

Poulenc (1899-1963), Fauré (1845-1924), Debussy (1862-1918): Impressions françaises (Música de câmara com flauta) – Juliette Hurel (flauta) ֍

Poulenc (1899-1963), Fauré (1845-1924), Debussy (1862-1918): Impressions françaises (Música de câmara com flauta) – Juliette Hurel (flauta) ֍

 

Impressions françaises

Poulenc, Fauré & Debussy

Juliette Hurel

 

A flauta é um instrumento perigoso! Costuma ser melíflua… até de mais e aí é onde dorme o perigo. Deduz-se de uma carta escrita nos idos 1778 que Mozart não gostava de flauta, mas não devemos ser tão categóricos, uma vez que ele teve muito tempo para mudar de ideia e as flautas com as quais ele lidava não eram exatamente o tipo de instrumento que podemos ouvir numa gravação como a do disco aqui.

Eu certamente aprecio as flautas com moderação, mas esse disco repleto de obras de câmara compostas por franceses entrou logo no meu radar e aqui está ele, repleto de ótimas peças.

A sonata de Poulenc abre o disco e já apresenta a maestria e musicalidade da flautista Juliette Hurel. Segue uma coleção de peças para flauta e piano compostas por Gabriel Fauré, com algumas de suas melodias mais conhecidas.

Das peças de Debussy, a sonata para flauta, viola e harpa é a que tem as sonoridades mais bonitas, e ela é ladeada por duas versões de Syrinx, para solo de flauta, a primeira delas com uma recitante. Há também uma transcrição para flauta e piano do Prélude à l’après-midi d’un faune.

Para completar, uma peça pequenina de Poulenc, para flauta solo.

Hélène et Juliette

Juliette Hurel est sans doute déjà une légende vivante et elle est française. Comme il se doit, son talent a donc été ignoré par les plus grands orchestres français! ça, on le savait déjà. Chez Hurel, chaque son est un monde, choyé, aimé. Son phrasé est d’une élégance à couper le souffle. Dans ces instants de présent vécu jusqu’à la moelle, elle nous fait toucher à l’éternité. […] Ici, rien qui brille en une inélégante apparence, mais une lumière qui vient du fond du coeur. D’ailleurs, J. Hurel sait aussi bien faire chanter la flûte en bois que la flûte en métal. Une anticommerciale au talent infini. [de uma crítica feita no site de uma loja de discos…]

Juliette Hurel é, sem dúvida, uma lenda viva e é francesa. Como não poderia deixar de ser, o seu talento foi, portanto, ignorado pelas maiores orquestras francesas! Já sabíamos disso. Com Hurel, cada som é um mundo, mimado, amado. Seu fraseado é incrivelmente elegante. Nestes momentos do presente vividos até ao âmago, aproxima-nos da eternidade. […] Aqui nada brilha numa aparência deselegante, mas sim uma luz que vem do fundo do coração. Além disso, J. Hurel sabe fazer a flauta de madeira cantar tão bem quanto a flauta de metal. Um anticomercial com talento infinito.

Francis Poulenc (1899 – 1963)

Sonata para flauta e piano, Op. 164

  1. Allegro malinconico
  2. Cantilena
  3. Presto Giocoso

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Peças para flauta e piano

  1. Pièce pour flûte et piano
  2. Sicilienne pour flûte et piano, Op. 78
  3. Morceau de concours pour flûte et piano
  4. Fantaisie pour flûte et piano, Op. 79
  5. Berceuse pour flûte et piano, Op. 16

Claude Debussy (1862 – 1918)

Peça para flauta (com recitante)

  1. Syrinx pour flûte et récitante

Sonata for Flute, viola e harpa

  1. Pastorale
  2. Interlude
  3. Final

Peça para flauta

  1. Syrinx pour flûte

Peça para flauta e piano

(Transcrição de Gustave Samazeuilh)

  1. Prélude à l’après-midi d’un faune

Francis Poulenc (1899 – 1963)

Peça para flauta

  1. Un joueur de flûte berce les ruines, pour flûte

Juliette Hurel, flauta

Hélène Couvert, piano

Florence Darel, recitante

Arnaud Thorette, viola

Christine Icart, harpa

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FLAC | 196 MB

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MP3 | 320 KBPS | 145 MB

Juliette Hurel adorou o comentário de Mozart

Hurel is an award-winning musician who has collaborated with similarly decorated musicians such as Pierre Boulez, Martha Argerich, Shlomo Mintz, Gidon Kremer and Claire Désert, among many others. As a soloist Hurel has appeared with Les Siècles, Tokyo Metropolitan Symphony Orchestra, and the Montreal Orchestre Métropolitain. 

Hurel é uma artista premiada que colaborou com músicos com condecorações semelhantes, como Pierre Boulez, Martha Argerich, Shlomo Mintz, Gidon Kremer e Claire Désert, entre muitos outros. Como solista, Hurel se apresentou com Les Siècles, Tokyo Metropolitan Symphony Orchestra e Montreal Orchester Métropolitain.

Aproveite!

René Denon

Pizzetti / Malipiero / Respighi / Casella: Obras para Violino e Piano (Biondi / Di Ilio)

Pizzetti / Malipiero / Respighi / Casella: Obras para Violino e Piano (Biondi / Di Ilio)

Um bonito disco de música italiana romântica feita por italianos. O período em que os compositores viveram não é o romântico, mas vá ouvir os caras. Fabio Biondi, além de dar belas entrevistas, é um monstro no violino. Não, não estou falando de virtuosismo, falo que ele é bom mesmo. Pela capa, parece que o destaque do CD é Malipiero, mas ele não chega a se destacar. Aliás, Malipiero morreu em 1973. Na Itália fascista, ele manteve boas relações com Benito Mussolini até em 1932 ter escolhido para uma das suas óperas o libreto de Pirandello, La favola del figlio cambiato. Malipiero dedicou a Mussolini a sua ópera seguinte, Giulio Cesare (1934-35), mas isto não o ajudou. Malipiero foi também um fino polemista e crítico musical. Não obstante o seu isolamento artístico, Malipiero manteve contatos com os melhores compositores do século XX, como Igor Stravinsky, Ernest Bloch, Luigi Dallapiccola e Luciano Berio.

Pizzetti / Malipiero / Respighi / Casella: Obras para Violino e Piano (Biondi / Di Ilio)

Tre Canti (Three Songs)
Composed By – Ildebrando Pizzetti
1 Affettuoso (piuttosto Mosso, E Arioso) 4:44
2 Quasi Grave e Commosso 4:06
3 Appassionato 3:58

Opera Omnia Per Violino E Pianoforte (Complete Works For Violin And Piano)
Composed By – Gian Francesco Malipiero
4 Il Canto Nell’ Infinito (The Song In The Infinite) 3:01
5 Canto Crepusculare (Twilight Song) 4:46
6 Il Canto Della Lontananza (The Song Of Separation) 3:19
7 Canto Notturno (Night Song) 4:22

8 Romanza
Composed By – Ottorino Respighi
3:59

9 Aubade
Composed By – Ottorino Respighi
3:00

10 Madrigake
Composed By – Ottorino Respighi
3:32

11 Berceuse
Composed By – Ottorino Respighi
2:55

12 Humoresque
Composed By – Ottorino Respighi
6:24

13 Melodia
Composed By – Ottorino Respighi
3:10

14 Minuetto Dalla Scarlattiana (Menuet From The Scarlattiana)
Composed By – Alfredo Casella
6:05

Piano – Luigi Di Ilio
Violin – Fabio Biondi

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Gente da Cultura não pode se dar bem com fascistas, Gian Francesco. Aprenda!

PQP

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias No. 22 (Der Philosoph) • No. 63 (La Roxelane) • No. 80 (Orpheus Chamber Orchestra)

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias No. 22 (Der Philosoph) • No. 63 (La Roxelane) • No. 80 (Orpheus Chamber Orchestra)

Não pensem que erramos, é que a Orpheus trabalha sem maestro. Este antigo CD é maravilhoso.  Embora a orquestra toque com instrumentos modernos, mas esta longe de ser o oposto da “prática de época” — na minha opinião, esse movimento também informa algumas das maneiras de abordar as obras. Então, não deixa de ser historicamente informado. Ouçam e concluam. A Orpheus dá-nos versões enérgicas, ágeis e maravilhosas de três obras encantadoras. A melhor Sinfonia pode ser a 80, OK, mas sou apaixonado pela 22. O nome (“O Filósofo”) não está no manuscrito original e é improvável que tenha vindo do próprio Haydn. Ele aparece em uma cópia manuscrita da sinfonia encontrada em Modena, datada de 1790. Portanto, o apelido data da época do compositor, mas não da composição (1764). Pensa-se que o título deriva da melodia e do contraponto do primeiro movimento (entre as trompas e o corne inglês), que musicalmente aludem a uma pergunta seguida de uma resposta e paralelamente ao sistema de debate disputatio. O uso de um efeito tique-taque abafado na peça também evoca a imagem de um filósofo imerso em pensamentos enquanto o tempo passa. Só que o apelido torna-se menos apropriado à medida que a sinfonia avança e a seriedade dá lugar ao bom humor…

F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias No. 22 (Der Philosoph) • No. 63 (La Roxelane) • No. 80 (Orpheus Chamber Orchestra)

Symphony In E-flat Major, Hob. I:22 “The Philosopher”
1 1. Adagio 8:17
2 2. Presto 4:02
3 3. Menuetto – Trio – Menuetto 3:50
4 4. Finale: Presto 2:49

Symphony In C Major, Hob. I:63 “La Roxelane”
5 1. Allegro 5:54
6 2. “La Roxelane”: Allegretto (O Più Tosto Allegro) 4:10
7 3. Menuet – Trio – Menuet 4:10
8 4. Finale: Presto 3:47

Symphony In D Minor, Hob. I:80
9 1. Allegro Spiritoso 5:13
10 2. Adagio 9:25
11 3. Menuetto – Trio – Menuetto 3:36
12 4. Finale: Presto 4:34

Orpheus Chamber Orchestra

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A Orpheus depois de pôr mais um maestro pra correr.

PQP

.: interlúdio :. Beyond The Missouri Sky (Short Stories): Charlie Haden & Pat Metheny

.: interlúdio :. Beyond The Missouri Sky (Short Stories): Charlie Haden & Pat Metheny

ABSOLUTAMENTE IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este post é originalmente de 2007. Vocês vão notar pelo texto abaixo, que Charlie Haden ainda não tinha falecido.

Agora é P.Q.P. Bach quem ataca de jazz para divulgar outro CD que o guitarrista Pat Metheny (1954) fez em dupla, desta vez com o grande baixista Charlie Haden (1937). Todas as informações grifadas a seguir forma retiradas da Wikipedia.

É um CD muito jazzístico e delicado, em que todas as músicas são tocadas apenas pelos dois solistas em rigoroso duo, com apenas a intervenção de uma discreta bateria (Metheny arrisca-se no instrumento…) em uma das faixas e de alguns efeitinhos de teclado. Haden explora ao extremo seu estilo mais cantabile do que o de um mero marcador de tempo, extraindo de seu contrabaixo um som mais limpo do que cheio. Já Pat Metheny é conhecidíssimo e não vamos perder tempo descrevendo o que vocês já sabem.

.oOo.

Charles Edward Haden é um contrabaixista de jazz nascido a 6 de Agosto de 1937 em Shenandoah no Iowa nos EUA.

Haden é mais conhecido pela sua associação de longa data com o saxofonista Ornette Coleman, mas também pelas suas caraterísticas linhas de baixo melódicas e é hoje um dos mais respeitados contrabaixistas e compositores de jazz da actualidade.

Biografia

Haden nasceu numa família de músicos que actuava frequentemente na rádio, tocando música country e canções folk americanas. Haden estreou-se profissionalmente como cantor quando tinha apenas dois anos de idade e continuou a cantar com a sua família até aos quinze anos, quando contraiu uma forma ligeira de poliomielite que lhe danificou permanentemente as cordas vocais. Alguns anos antes, Haden começara a interessar-se por jazz e a tocar no contrabaixo do seu irmão.

Algum tempo depois, mudou-se para Los Angeles em 1957 e começou a tocar profissionalmente, nomeadamente com o pianista Hampton Hawes e com o saxofonista Art Pepper.

Charlie Haden tornou-se famoso tocando com Ornette Coleman no final dos anos 50, culminando no disco The Shape of Jazz to Come (1959). Este álbum foi muito controverso, na época, e o próprio Haden confessou que, a princípio, o estilo de Coleman o deixava completamente confundido e que se limitava a repetir as linhas melódicas de Coleman no contrabaixo. Foi só mais tarde que ganhou a confiança para criar as suas próprias linhas.Além da sua associação com Coleman, Haden fazia parte do trio e depois do “”American quartet” de Keith Jarrett, com Paul Motian e Dewey Redman, de 1967 a 1976.

Nos anos 70, fundou, com Carla Bley, a Liberation Music Orchestra (LMO). A sua música era fortemente experimental, associando o free jazz e a música de intervenção política. O seu primeiro álbum debruçava-se sobre a Guerra Civil Espanhola. A LMO tinha uma formação flutuante, abrangendo os principais instrumentistas de jazz. Através dos arranjos de Carla Bley, usavam uma vasta paleta de instrumentos de metal, como tuba, trompa e trombone, além da secção mais tradicional de trompete e instrumentos de palheta. O álbum da Liberation Music Orchestra de 1982, The Ballad of the Fallen refería-se, de novo à Guerra Civil Espanhola bem como à instabilidade política e envolvimento dos EUA na América Latina.

Em 1990 a orquestra regressou com o disco Dream Keeper, um registo mais heterogéneo, utilizando o gospel e música sul-africana para referir-se à América Latina e ao Apartheid.

Em 1971 durante uma excursão em Portugal, Haden dedicou a sua “Song for Che” aos revolucionários anti-colonialistas das colónias portuguesas de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. No dia seguinte, foi preso no aeroporto de Lisboa e interrogado pela DGS, a polícia política portuguesa. Foi prontamente libertado graças à intervenção da embaixada americana em Lisboa, mas foi depois interrogado acerca da dedicatória pelo FBI, já nos EUA.

Esta exploração temática de géneros de música habitualmente não associados ao jazz tornou-se uma característica marcante de Haden com o seu Quartet West. Fundado em 1987, o quarteto era composto por Haden, Ernie Watts no saxofone, Alan Broadbent ao piano e Larance Marable na bateria. O grupo apresentava arranjos de Broadbent, românticos e elaborados e recebeu muitos prémios.

Haden também tinha trabalhava em duetos com vários pianistas, como Hank Jones, Kenny Barron e Denny Zeitlin. Explorou a música folk americana em American Hymns, a música dos film noir em Always Say Goodbye e a música popular cubana em Nocturne.

Em 1989 foi artista convidado do Festival de Jazz de Montreal e tocou todas as noites do festival com diferentes conjuntos e bandas. A maior parte destes concertos foram editados na série The Montreal Tapes.

Em 1990 grava, com o mestre da guitarra portuguesa, Carlos Paredes, o álbum Dialogues.

No final de 1997, colabora num dueto com o guitarrista Pat Metheny, explorando a música da sua infância, no álbum Beyond the Missouri Sky (Short Stories) e realizando uma digressão mundial com Metheny.

Em 2005, Haden voltou a reunir a Liberation Music Orchestra, grandemente renovada, para lançar Not In Our Name, abordando a situação política dos EUA e a guerra do Iraque.

Em 2007, no seu 70º aniversário, lança o documentário: “Charlie Haden”.

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E sobre Pat Metheny

Biografia

Iniciando com o trompete já aos 8 anos de idade, Metheny trocou para a guitarra ao 12 anos. Aos 15 anos, já estava trabalhando com os melhores músicos de jazz do Kansas, adquirindo experiência em bandas já muito jovem. Seu primeiro sucesso na cena internacional do jazz foi em 1974. Com o lançamento de seu primeiro álbum, Bright Size Life (1975), segundo a crítica, ele reinventara “o som tradicional da guitarra jazz” para uma nova geração de guitarristas.

Durante sua carreira, continuou a redefinir o genero utilizando novas tecnologias e trabalhando constantemente para refinar sua capacidade sonora e de improvisação no seu instrumento.Planejando sua carreira com sabedoria, trabalhou primeiro com uma gravadora de grande prestígio na música moderna (ECM), depois em uma gravadora de inclinações pop (Geffen) e finalmente com a multi-nacional (Warner Bros). Flertou com o jazz-rock, com grande sucesso, e chegou mesmo a ter videoclipes exibidos na rede MTV. Segundo os críticos Richard Cook e Brian Morton, “Metheny tornou-se uma figura-chave na música instrumental dos últimos 20 anos”.

Durante os anos, atuou com músicos tão diversos como Steve Reich, Ornette Coleman, Herbie Hancock, Jim Hall, Milton Nascimento e David Bowie. Formou uma parceria de composição com o tecladista Lyle Mays por mais de vinte anos – uma parceria que foi comparada às de Lennon/McCartney e de Ellington/Strayhorn por críticos e por ouvintes igualmente. O trabalho de Metheny inclui composições para guitarra solo, instrumentos elétricos e acústicos, grandes orquestras, e peças para ballet, com passagens que variam do jazz moderno ao rock e ao clássico.

Metheny atuou também na área academica como professor de música. Aos 18, foi o professor mais novo de sempre na universidade de Miami. Aos 19, transformou-se no professor mais novo de sempre na faculdade de Berkeley de música, onde recebeu também o título de doutor honorário vinte anos mais tarde (1996). Ensinou também em workshops de música em várias partes do mundo, desde o Dutch Royal Conservatory ao Thelonius Monk Institute of Jazz. Foi também um dos pioneiros da música eletrônica, e foi um dos primeiros músicos do jazz que tratou o sintetizador seriamente. Anos antes da invenção da tecnologia de MIDI, Metheny usava o Synclavier como uma ferramenta de composição . Também tem participação no desenvolvimento de diversos novos tipos de guitarras tais como a guitarra acústica soprano, a guitarra de 42-cordas Pikasso, a guitarra de jazz Ibanez Pm-100, e uma variedade de outros instrumentos feitos sob encomenda.

Metheny é um músico que estuda e escreve muito, está aberto a inúmeras influências, e principalmente toca e grava muito. Nesse processo, atira em várias direções, e é inegável que acaba produzindo alguns trabalhos de caráter mais comercial, ainda que agradáveis e perfeitamente bem executadas.

Ele ganhou ganhou vários concursos como o “melhor guitarrista de jazz” e prêmios, incluindo discos de ouro para os álbuns Still Life (Talking), Letter from Home e Secret Story. Ganhou também quinze prêmios Grammy Awards sobre uma variedade de categorias diferentes incluindo “Best Rock Instrumental”, “Best Contemporary Jazz Recording”, “Best Jazz Instrumental Solo”, “Best Instrumental Composition”.

O Pat Metheny Group ganhou sete Grammies consecutivos em sete álbums consecutivos. Metheny dedica-se a maior parte de seu tempo a turnes e viagens, e calcula uma média entre 120 à 240 viagens por ano desde 1974. Continua a ser uma das estrelas mais brilhantes da comunidade do jazz, dedicando tempo aos seus próprios projetos, a novos músicos e aos veteranos, ajudando-lhes a alcançar suas audiências tão como realizar suas próprias visões artísticas.

Beyond The Missouri Sky (Short Stories)

1. Waltz For Ruth
2. Our Spanish Love Song
3. Message To A Friend
4. Two For The Road
5. First Song
6. The Moon Is A Harsh Mistress
7. The Precious Jewel
8. He’s Gone Away
9. The Moon Song
10. Tears Of Rain
11. Cinema Paradiso (Love Theme)
12. Cinema Paradiso (Main Theme)
13. Spiritual

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Metheny-Haden: que dupla, que dupla, que dupla!
Metheny-Haden: que dupla, que dupla, que dupla!

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B. Britten (1913-1976): Violin Concerto / W. Walton (1902-1983): Viola Concerto (Vengerov, Rostropovich)

B. Britten (1913-1976): Violin Concerto / W. Walton (1902-1983): Viola Concerto (Vengerov, Rostropovich)

Vocês sabem aquele disco consistente? Pois é o caso. São bons concertos de Britten e Walton — o de Britten é bem melhor — , boas interpretações, boa gravação. Nada de arrebentar, mas tudo em seu lugar. Há traços de Shostakovich no concerto de Britten e a tão vilipendiada viola é bem tocada pelo excelente Vengerov no Walton. O concerto de Britten é cheio de íntima agitação e emoção crua, mas também é elegante e lírico. Vengerov faz justiça aos muitos matizes deste trabalho, particularmente a seu final dolorido e solene, o qual é soberbamente interpretado.

B. Britten (1913-1976): Violin Concerto / W. Walton (1902-1983): Viola Concerto

1 Violin Concerto Op.15: I Moderato con moto – 10:05
2 Violin Concerto Op.15: II Vivace – 8:24
3 Violin Concerto Op.15: III Passacaglia – Andante lento (un poco meno mosso) 15:22

4 Viola Concerto: I. Andante comodo 9:47
5 Viola Concerto: II. Vivo, con molto preciso 4:24
6 Viola Concerto: III. Allegro moderato 16:23

viola

Maxim Vengerov
London Symphony Orchestra
Mstislav Rostropovich

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Britten: grandes música e nariz
Britten: grandes música e nariz

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Henry Purcell (1659-1695): Ode for St. Cecilia’s Day / Te Deum e outras peças (Choir and Orchestra of the Golden Age, Glenton)

Henry Purcell (1659-1695): Ode for St. Cecilia’s Day / Te Deum e outras peças (Choir and Orchestra of the Golden Age, Glenton)

Na tradição de Purcell, Ode for St Cecilia’s Day — escrita assim sem data — na maioria das vezes sugere a grande Hail bright Cecilia de 1692. Mas não importa, a primeira ode para Cecília de Purcell, Welcome to all the pleasures, de nove anos antes, é uma joia por si só e contém música esplêndida, incluindo o fascinante ária Here the deities approve. O catálogo conta com duas versões impressionantes de Andrew Parrott e Robert King, mas esta leitura cuidadosa e lúcida resiste bem à concorrência. The Choir and Orchestra of the Golden Age, conjunto de instrumentos de época com sede em Manchester, trazem performances robustas do Te Deum e do Jubilate. David Staff é um solista efervescente e de bom gosto na Trumpet Sonata de Purcell, que atua como um interlúdio satisfatório para os números vocais. Há muito para desfrutar aqui.

Henry Purcell (1659-1695): Ode for St. Cecilia’s Day / Te Deum e outras peças (Choir and Orchestra of the Golden Age, Glenton)

Morning Service in D Major, Z. 232: Te Deum
1 Morning Service in D Major, Z. 232: Te Deum 13:17

The noise of foreign wars
2 The noise of foreign wars 06:50

Raise, raise the voice, Z. 334
3 Raise, raise the voice, Z. 334 12:28

Trumpet Sonata in D Major, Z. 850
4 I. Allegro 01:27
5 II. Adagio 01:37
6 III. Allegro 01:31

Fishburn, Christopher – Lyricist
Welcome to all the pleasures, Z. 339, “Ode on St. Cecilia’s Day”
7 Welcome to all the pleasures, “Ode on St. Cecilia’s Day”, Z. 339 17:20
Purcell, Henry

Morning Service in D Major, Z. 232: Jubilate Deo
8 Morning Service in D Major, Z. 232: Jubilate Deo 08:19

Bass Vocals – Thomas Guthrie
Choir – Choir Of The Golden Age
Conductor – Robert Glenton
Countertenor Vocals – Christopher Robson, William Purefoy
Orchestra – Orchestra Of The Golden Age
Soprano Vocals – Jeni Bern, Susan Bisatt
Tenor Vocals – Ian Honeyman
Trumpet [Natural Trumpet] – David Staff

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Um dia arranjo uma peruca dessas pro Carnaval.

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Leoš Janáček (1854-1928): Violin Sonata / Capriccio / Romance / Dumka (Benedek, Line, Hlawatsch)

Leoš Janáček (1854-1928): Violin Sonata / Capriccio / Romance / Dumka (Benedek, Line, Hlawatsch)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A música de Janáček para conjuntos de câmara já foi moda — foi muito gravada nos anos 60 e 70. Tanto que podemos escolher entre muitos bons registros. A escolha do repertório é um tanto original (ou estranha) e isto é muito bom! A Sonata e as duas primeiras peças para violino e piano realmente têm pouco a ver com o Capriccio. Ildiko Line sai-se maravilhosamente em tudo, mas parece sentir-se mais à vontade no Romance, com seu calor e lirismo brahmsianos, do que na Sonata, cujas originalidades podem lhe escapar. Na abertura do Adagio final, por exemplo, espera-se uma resposta exuberante no violino. Hlawatsch expõe os quatro acordes de abertura com correção, mas Line não vem coma ferocidade esperada. Já o segundo movimento, a Balada, nunca ouvi melhor versão. O Capriccio é uma peça estranha mesmo para os padrões de Janáček. Hlawatsch está claramente intrigado com a música e responde com cuidado os extraordinários problemas de equilíbrio apresentados por um acompanhamento (se é que se pode chamar assim) de flauta, dois trompetes, três trombones e tuba. Lindo disco!

Leoš Janáček (1854-1928): Violin Sonata / Capriccio / Romance / Dumka (Benedek, Line, Hlawatsch)

Leoš Janáček (1854-1928)
Sonata for Violin and Piano, JW VII/7 (*)
1 I. Con moto 05:51
2 II. Balada; Con moto 04:56
3 III. Allegretto 02:54
4 IV. Adagio 05:34

Romance, JW VII/3 (*)
5 Romance, JW VII/3 05:12

Dumka, JW VII/4 (*)
6 Dumka, JW VII/4 06:22

Allegro, JW IX/9 (*)
7 Allegro, JW IX/9 03:25

Capriccio for Piano Left-Hand and Chamber Orchestra, JW VII/12
8 I. Allegro 05:19
9 II. Adagio 05:42
10 III. Allegretto 04:18
11 IV. Andante 06:36

Conductor – Tamás Benedek
Flute, Piccolo Flute – István Rácz
Piano – Thomas Hlawatsch
Trombone – Kerényi Balázs, Sandor Szabo (2), Tibor Koszorus
Trumpet – Czeglédi Zsolt (2), István Somorjai
Tuba – Bálint István
Violin – Ildikó Line (*)

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Janáček na porta de entrada do PQP Prague Hall ao lado da Ponte Carlos.

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Arnold Schoenberg (1874-1951): Violin Concerto Op.36 / Sibelius (1865-1957): Violin Concerto Op.47 (Hahn / Salonen)

Arnold Schoenberg (1874-1951): Violin Concerto Op.36 / Sibelius (1865-1957): Violin Concerto Op.47 (Hahn / Salonen)

Schoenberg já estava vivendo na Califórnia quando escreveu seu Concerto para Violino. Ainda era um ser humano ríspido, mandão e gostava de estar sempre cercado de acólitos, mas já estava, de forma muito curiosa, tropicalizado. Usava roupas incríveis, quase havaianas em seu radicalismo. Queria fazer músicas para filmes em Hollywood, mas pedia dinheiro demais e não era contratado… Teve também a doce ilusão de que seu Concerto tocaria nas rádios — hábito nos anos 30 e 40 — e que ficaria famoso nos States. Imaginem o quanto o sujeito viajava na maionese! Estava nos EUA.. Bem, claro que nada disso aconteceu e hoje ouvimos com interesse diminuto a obra, que é boa. Nada além disso. Já o Concerto para Violino de Sibelius é tonal, belíssimo e glorioso. Hillary Hahn e Esa-Pekka Salonen, com seus suecos, dão um banho. Acho que vale a audição, claro.

Arnold Schoenberg (1874-1951): Violin Concerto Op.36 / Sibelius (1865-1957): Violin Concerto Op.47

1. Violin Concerto, Op.36 – 1. Poco Allegro 11:36
2. Violin Concerto, Op.36 – 2. Andante grazioso 7:30
3. Violin Concerto, Op.36 – 3. Finale. Allegro 10:38

4. Violin Concerto in D minor, Op.47 – 1. Allegro moderato 17:20
5. Violin Concerto in D minor, Op.47 – 2. Adagio di molto 8:36
6. Violin Concerto in D minor, Op.47 – 3. Allegro, ma non tanto 7:16

Hilary Hahn, violino
Swedish Radio Symphony Orchestra
Esa-Pekka Salonen

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Schoenberg em seu exílio californiano
Schoenberg em seu exílio californiano. Sucesso, só com os alunos…

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Henry Purcell (1659-1695): “Come Ye Sons Of Art” – Ode For The Birthday Of Queen Mary (1694) / Music For The Funeral Of Queen Mary (1695) (Gardiner)

Henry Purcell (1659-1695): “Come Ye Sons Of Art” – Ode For The Birthday Of Queen Mary (1694) / Music For The Funeral Of Queen Mary (1695) (Gardiner)

John Eliot Gardiner gravou as obras da Rainha Mary — a Ode de Aniversário e a Música para o Funeral — lá em 1976. A Orquestra e o Coro Monteverdi já eram espetaculares, só que esta gravação analógica do Aniversário, feita na Capela Rosslyn Hill, em Londres, não é tão bem equilibrada, com os solistas às vezes soando pequenos demais para competir com o conjunto de apoio. No entanto, a execução da Música Funeral por Gardiner é um acontecimento grandioso e imponente, e é uma pena que a gravação não lhe faça maior justiça. O Funeral — com o perdão da palavra — é um verdadeiro deleite, especialmente os quartetos de trombones. Há um verdadeiro sentimento de luto, mas sem deixar a música totalmente sombria. Interpretação suntuosa e altamente dramática. Talvez insuperável ainda hoje, apesar de seus problemas.

Henry Purcell (1659-1695): “Come Ye Sons Of Art” – Ode For The Birthday Of Queen Mary (1694) / Music For The Funeral Of Queen Mary (1695) (Gardiner)

“Come Ye Sons Of Art” Ode For The Birthday Of Queen Mary (1694) = Ode Pour L’Anniversaire De La reine Mary = Geburtstagsode Für Königin Maria
1 Ouverture 4:06
2 “Come, Ye Sons Of Art, Come Away” 1:58
3 “Sound The Trumpet” 2:28
4 “Come, Ye Sons Of Art, Come Away” 1:23
5 “Strike The Viol” 4:43
6 “The Day That Such A Blessing” 2:29
7 “Bid The Virtues” 3:31
8 “These, Are The Sacred Charms” 1:38
9 “See Nature, Rejoicing” 2:54

Music For The Funeral Of Queen Mary (1695) = Musique Funèbre Pour La Reine Mary = Trauermusik Für Königin Maria
10 Marche 2:12
11 “Man That Is Born” 3:46
12 Canzona 1:43
13 “In The Midst Of Life” 5:53
14 Canzona 0:49
15 “Thou Knowest, Lord, The Secrets Of Our Hearts” 2:18
16 March 2:15

Bass Vocals – Thomas Allen
Cello [Continuo] – Marilyn Sansom
Choir – Monteverdi Choir*
Composed By – Henry Purcell
Conductor – John Eliot Gardiner
Contrabass [Continuo] – Barry Guy
Countertenor Vocals – Charles Brett, John Williams (41)
Ensemble – Equale Brass Ensemble*
Harpsichord [Continuo] – Trevor Pinnock
Orchestra – Monteverdi Orchestra*
Sackbut [Equale Brass Ensemble] – Peter Harvey (2)
Soprano Vocals – Felicity Lott
Timpani [Equale Brass Ensemble] – David Corkhill
Trombone [Equale Brass Ensemble] – Peter Goodwin
Trumpet [Equale Brass Ensemble] – Graham Whiting, Michael Laird (2)

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Muito cuidado com Gardiner. Ele pode, subitamente, tornar-se pugilista.

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Khachaturian / Prokofiev / Glazunov: Russian Violin Concertos (Fischer, Russian National Orchestra, Kreizberg)

Khachaturian / Prokofiev / Glazunov: Russian Violin Concertos (Fischer, Russian National Orchestra, Kreizberg)

Este foi o álbum de estreia de Julia Fischer. Sua colaboração com Yakov Kreizberg já vinha de algum tempo. Ela o considerava o mais simpático dos maestros, e ele a ajudou a concretizar a gravação. Ele compartilhava com ela a admiração pelo concerto de Khachaturian e apoiou o plano de gravar esta peça imerecidamente negligenciada. Ela achava difícil até vendê-la para os promotores de concertos, que sem dúvida teriam preferido a milésima versão do concerto de Tchaikovsky. Mas ambos os artistas acreditaram em todos os trinta e sete minutos da obra, que é mesmo magnífica. Kreizberg, imaginem, morreu em 2011 com apenas 51 anos. No Concerto de Khat, há um “apelo de sabor armênio”, às vezes soando folclórico, até mesmo oriental. Há poesia também, como no tratamento do segundo tema, e de todo o comovente Andante sostenuto, com mais cor armênia. David Oistrakh estreou este concerto. O Primeiro Concerto para Violino de Prokofiev é a obra mais familiar deste programa, tanto em concerto como em disco. Nas notas do livreto de Fischer, ela menciona sua ironia, sarcasmo, e seu lirismo, no qual ela diz que pretendeu focar. Ela faz justiça a todos os os estados de espírito, pois saborear esses contrastes é essencial, né? E ela tem razão — este é um concerto principalmente lírico, e sua estrutura incomum de dois movimentos externos lentos emoldurando um scherzo central influenciou alguns outros concertos de cordas. A abordagem de Fischer é bastante íntima e convincente. O Glazunov é aceitável, com um allegro final bem dançável e assobiável.

Khachaturian / Prokofiev / Glazunov: Russian Violin Concertos (Fischer, Russian National Orchestra, Kreizberg)

Khachaturian* Violin Concerto In D Minor (1940)
1 – 1. Allegro Con Fermezza Cadenza – Aram Khatchaturian 14:54
2 – 2. Andante Sostenuto 12:28
3 – 3. Allegro Vivace 9:16

Prokofiev* Violin Concerto No. 1 In D Op. 19 (1916-1917)
4 – 1. Andantino – Andante Assai 10:09
5 – 2. Scherzo (Vivacissimo) 3:37
6 – 3. Moderato – Allegro Moderato – Più Tranquillo 8:14

Glazunov* Violin Concerto In A Minor Op. 82 (1905)
7 – 1. Moderato – 4:19
8 – 2. Andante – Cadenza – Alexander Glazunov 10:29
9 – 3. Allegro 5:40

Julia Fischer, violin
Russian National Orchestra
Yakov Kreizberg

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FLAC | 375MB

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MP3 | 320 KBPS | 185 MB

Julia Fischer

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Johannes Brahms (1833-1897): Trios para Piano (Trio Fontenay)

Pretendo com esta postagem voltar a me dedicar a meu compositor favorito, o bom e velho Johannes Brahms, e trago seus trios para piano, obras primas incontestes desse repertório.

Já trouxe essas mesmas obras em outras ocasiões, principalmente a versão do Beaux Arts Trio, talvez o melhor registro já realizado, mas existem outras gravações de excelente qualidade, como essa que trago hoje, com os alemães do “Trio Fontenay“, em dois cds lançados entre 1988 e 1990.

Já encontramos o DNA de Brahms presente no op. 8, obra de juventude, mas que foi revisada pelo compositor já no final de sua vida. Talvez a melhor maneira de entendermos e conhecermos esse compositor tão especial seja exatamente por essas obras com menor número de instrumentos. Nelas, Brahms consegue se expressar com muita propriedade, nos fascinando com suas escolhas e principalmente, com uma perfeita interação entre os instrumentos, não deixando nenhum deles se sobressair muito, em perfeita harmonia.

Para quem não conhece a obra de Brahms, ou a teme por algum motivo (já comentaram comigo que a achavam por demais hermética), creio que os Trios sejam a melhor apresentação. Líricas e muito expressivas, revelam a alma de um compositor que viveu sua vida em função da música.

Espero que apreciem.

Johannes Brahms (1833-1897): Trios para Piano (Trio Fontenay)

CD 1

01. Piano Trio No. 1 in B major, op. 8 (revised 1889) – I. Allegro con brio
02. Piano Trio No. 1 in B major, op. 8 (revised 1889) – II. Scherzo Allegro molt
03. Piano Trio No. 1 in B major, op. 8 (revised 1889) – III. Adagio
04. Piano Trio No. 1 in B major, op. 8 (revised 1889) – IV. Finale Allegro
05. Piano Trio No. 2 in C major, op. 87 – I. Allegro
06. Piano Trio No. 2 in C major, op. 87 – II. Tema con variazioni Andante con moto
07. Piano Trio No. 2 in C major, op. 87 – III. Scherzo Presto – Trio Poco meno
08. Piano Trio No. 2 in C major, op. 87 – IV. Finale Allegro giocoso

CD 2

01. Piano Trio No. 3 in C minor, op. 101 – I. Allegro energico
02. Piano Trio No. 3 in C minor, op. 101 – II. Presto non assai
03. Piano Trio No. 3 in C minor, op. 101 – III. Andante grazioso
04. Piano Trio No. 3 in C minor, op. 101 – IV. Finale Allegro molto
05. Piano Trio in A major, op. posth. (1853) – I. Moderato
06. Piano Trio in A major, op. posth. (1853) – II. Vivace – Trio
07. Piano Trio in A major, op. posth. (1853) – III. Lento
08. Piano Trio in A major, op. posth. (1853) – IV. Presto

Trio Fontenay:
Wolf Harden – Piano
Michael Mücke – Violin
Niklas Schimdt – Cello

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FDP

BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824 – 1896): Sinfonia No. 7 em mi maior – Wiener Philharmoniker & Herbert von Karajan ֎

BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824 – 1896): Sinfonia No. 7 em mi maior – Wiener Philharmoniker & Herbert von Karajan ֎

BRUCKNER

Sinfonia No. 7

Wiener Philharmoniker

Herbert von Karajan

 

Qual é a melhor gravação da Sétima de Bruckner?

Esse tipo de pergunta costumava levar o grupo de habitués da loja de discos a acirradas e calorosas discussões. Estamos falando dos fins da década de 80, início de 90 do século passado, período que viu surgimento dos CDs e uma tsunami de lançamentos e relançamentos inundava as caçambas das lojas, para grande desespero de nossas magras economias. Temas como gravações ao vivo ou feitas em estúdio, com tecnologia digital ou analógica eram enfileirados ao lado das opiniões sobre os estilos dos regentes e suas orquestras. Havia radicalismo, mas também opiniões bastante aproveitáveis. Os nomes mais citados eram Giulini, Bohm, Jochum, Klemperer, Walter, Celi (os íntimos o tratavam assim) e aquele menino, o Haitink. O nome que eu não coloquei na lista é aquele que mais radicalizava entre lovers and haters. Estamos falando do fim da década de 80 do século passado e assistíamos ao crepúsculo de um deus. O maestro que havia abocanhado a tríplice coroa e que havia exercido maior poder no mundo da música estava no fim de sua longa carreira. Herbert von Karajan dividia opiniões e certamente dava motivos tanto para seus fãs como para os que detestavam seu estilo, incluindo aqueles que ficava em cima do muro.

HvK teve oportunidade de gravar com as melhores orquestras um repertório enorme durante um longo período, passou pelos grandes avanços tecnológicos, que ele sempre usou como trampolim para mergulhar em uma nova onda de gravações. Deixou pelo menos três ciclos completos das Sinfonias de Beethoven: com a Philharmonia Orchestra para a EMI (Walter Legge) no início dos anos 50, o mais interessante deles no início da década de 60, já com a Berliner Philharmoniker, para a DG, e depois mais um, glossy, na era digital.

Mas nossa conversa é sobre Bruckner, cuja música sempre despertou o melhor das habilidades de Herbert. Ele certamente se interessava mais pelas sinfonias famosas, especialmente pelas três últimas, mas chegou a gravar um ciclo ‘completo’, para a DG.

A gravação desta postagem desafia algumas armadilhas comuns a essas situações. Karajan detinha o controle absoluto sobre a Berliner Philharmoniker num contrato fechado para toda a sua vida, mas nos fins dos anos 80 a vida havia sido longa e os ressentimentos se amontoavam de tal forma que o rompimento foi inevitável. Em abril de 1989 ele abriu mão desse poder. Neste mesmo mês ele deu um concerto e gravou essa sinfonia com sua ‘outra’ orquestra, a Wiener Philharmoniker, com a música que ele definitivamente amava. Seria um gesto para despertar ciúmes na outra orquestra, seria mesmo um consciente adeus à música ou simplesmente uma ocasião onde a mágica voltou a funcionar? De qualquer forma, esse registro merece seu lugar em qualquer séria discussão sobre a obra de Bruckner, inclusive nessa comemoração pelos duzentos anos do nascimento do Anton.

Seja você partidário, detrator ou simples figurante no que tange às interpretações musicais de Karajan, caso você se interesse pela obra de Bruckner, você precisa ouvir esse disco. Depois me diga se essa gravação pode ser pelo menos uma boa candidata à resposta da pergunta que abriu o texto.

Anton Bruckner (1824 – 1896)

Sinfonia No. 7 em mi maior (Ed. Robert Haas)

  1. Allegro moderato
  2. Sehr feierlich und sehr langsam
  3. Sehr schnell
  4. Bewegt, doch nicht schnell

Wiener Philharmoniker

Herbert von Karajan

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FLAC | 291MB

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MP3 | 320 KBPS | 151 MB

“The Vienna Philharmonic also feature on what was Karajan’s last recording, an equally idiomatic account of the Seventh Symphony, lighter and more classical in feel than either of Karajan’s two Berlin recordings yet loftier, too. When Abbado’s in many ways very fine Vienna Philharmonic recording was released a couple of years ago (DG, 5/94), I noted, “With Karajan we appear to have clambered to a higher track where the footing is as firm, yet where the views are even more breathtakingly complete”.  [Gramophone, na ocasião do relançamento da gravação, na série Karajan Gold]

Anton Bruckner (1824 – 1896)